
O bom futebol não aparece em um estalo de dedo. No caso de Carlo Ancelotti, nem em três, mas pode dar as caras em duas substituições. No terceiro jogo do italiano à frente da Seleção Brasileira, o Brasil não passava de uma acanhada vitória por 1 a 0 sobre o Chile, o lanterna das Eliminatórias da América do Sul. Após as entradas de Luiz Henrique e Lucas Paquetá, saíram dois gols em quatro minutos — entre os 26 e os 30 do segundo tempo — para fechar a vitória por 3 a 0.
Apesar dos pesares, a Seleção está na segunda colocação no torneio classificatória para a Copa do Mundo com 28 pontos, 10 a menos que a líder Argentina e um à frente do Uruguai. A participação encerra-se na terça-feira diante da Bolívia, na altitude de El Alto.
O primeiro gol do Brasil era uma questão de tempo. Certo que não demoraria após duas grandes chances em quatro minutos. No primeiro lance, Raphinha centrou escanteio na cabeça de Gabriel Magalhães. A testada foi no ângulo, mas encontrou a mão do goleiro Vigouroux. Na sequência, Casemiro desviou falta alçada por Raphinha e marcou em posição irregular. O gol nao valeu.
A questão de tempo começou a se alongar. Ancelotti utilizou quatro jogadores inéditos em relação aos seus dois jogos anteriores. Wesley, Gabriel Magalhães, Douglas Santos e João Pedro tiveram a primeira chance sob o comando do italiano.
Diante do pior time das Eliminatórias, a Seleção passou o primeiro tempo inteiro no campo de ataque. Sem a incisividade necessária. Os chutes saíam de fora da área com destino à linha de fundo ou o pé de algum chileno aparecia para evitar o perigo. O futebol não descia bem a ponto de João Pedro passar mal em campo — o verdadeiro motivo do mal estar foi uma trombada no estômago.
Então, aos 37 minutos o gol saiu. O lance foi um microssomo do que Ancelotti quer ver como macro. Uma beleza troca de passes iniciou-se com Martinelli. Douglas Santos tabelou com João Pedro e depois tocou para Raphinha. O brasileiro chutou. Vigouroux salvou com o pé. A bola subiu, subiu, subiu. E enquanto descia, descia, descia, achou o pé de Estêvão. A bicicleta aplicada pelo garoto de 18 anos, quatro meses e 11 dias o tornou o oitavo jogador mais jovem a marcar pelo Brasil.
Segunda etapa
Aos 19 minutos do segundo tempo seguia tudo igual. Sem mexer uma peça, o Brasil não mexia na qualidade do seu futebol. O Chile parava os chutes, e os brasileiros não ingressaram na área. O Maracanã mostrou sinais de impaciência depois de uma inócua troca de passes dos conterrâneos de Figueroa.
O cenário ganhou novos atores. Luiz Henrique e Andrey entraram em cena. Na sequência Lucas Paquetá e Kaio Jorge também logo na sequência. A trama ganhou novo clímax, aos 26 minutos, 40 segundos após entrar em campo Paquetá ampliou. Seu coadjuvante foi Luiz Henrique. O ex-jogador do Botafogo cruzou fechado, bem fechado. Quase sobre a linha o meia escorou para a rede.
Na nova cena, mais gente participou. Paquetá roubou a bola perto da área. Bruno Guimarães recebeu e tocou para Luiz Henrique. O chute acertou o travessão e Bruno Guimarães tocou para dentro. O suficiente para a Seleção se despedir do Brasil nas Eliminatórias com uma vitória.
Próximo jogo
Terça-feira, 9/9 – 20h30min
Bolívia x Brasil
Municipal de El Alto – Eliminatórias (18º rodada)
Fonte: Gaúcha ZH